Mercado de arroz em casca manteve a trajetória de queda
Preços acumulam recuo de 28,73% no ano

No Rio Grande do Sul, ao longo de maio, o mercado de arroz em casca manteve a trajetória de queda observada desde o final de 2024. Os preços acumulam recuo de 28,73% no ano e operam nos níveis nominais de maio de 2022, o que compromete a rentabilidade dos produtores e levanta dúvidas quanto à atratividade da cultura para a próxima safra, prevista para o segundo semestre de 2025. Esse movimento de baixa acompanha o cenário internacional.
O Indicador CEPEA/IRGA-RS recuou mais de 28% entre dezembro de 2024 e maio de 2025, em linha com as quedas no Índice da FAO para o arroz Índica (-26,2%) e para o índice geral (-22,6%). Os preços de importação também caíram fortemente: 33,7% em dólares e 25,3% em reais, sendo parcialmente compensados pela valorização de 12,7% na taxa de câmbio. Apesar do enfraquecimento nos preços ao produtor, consumidores ainda não observaram alívio significativo no varejo: entre abril de 2024 e abril de 2025, a queda média ao consumidor foi de apenas 7,1%. Essa defasagem reflete tanto os contratos firmados anteriormente quanto a incorporação de custos e tributos ao longo da cadeia.
De fato, os custos continuam elevados. Em abril de 2025, o custo total estimado por hectare foi de R$ 17.047,31 em Uruguaiana, com leve alta nominal frente ao ano anterior, e de R$ 16.150,89 em Camaquã, com queda de 4,02%. Em sacas, os custos totais em Uruguaiana foram de 226,06 por hectare, exigindo produtividade superior à média regional de 175,4 sacas/ha. Em Camaquã, seriam necessárias 206,59 sacas/ha para cobrir o custo total, também acima da média local de 170,2 sacas/ha. As margens operacionais caíram cerca de 60% em um ano, atingindo os níveis mais baixos desde o último trimestre de 2022. Em muitos casos, a receita já não Cobre mais a remuneração dos ativos imobilizados. Além disso, o cenário externo segue desafiador. A desvalorização da moeda indiana frente ao dólar aumentou a competitividade do país no mercado global, dificultando o avanço das exportações brasileiras, que permanecem restritas a operações pontuais para complementar cargas. Em paralelo, o recuo nas importações, que ficaram abaixo de 100 mil toneladas em abril — menor volume do ano —, ainda não foi suficiente para aliviar a pressão de oferta no mercado interno.